segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lançamento do CD Oficial + Libreto




Lançamento do CD + Libreto da Ópera Rock Vitória ou a Filha de Adão e Eva, de Barata Cichetto e Amyr Cantusio Jr com a participação de vários artistas.

Libreto e CD da Opera Rock Vitória ou a Filha de Adão e Eva. O libreto tem 40 páginas com todos os poemas e textos da Opera. O CD, produção Independente, são 22 faixas, com composições de Amyr Cantusio Jr e participação das bandas Travelplan, Sub Rosa e Posthuman Tantra (Edgar Franco) e as narrações do vocalista da banda "Tomada" Ricardo Alpendre. 72 minutos.

Tiragem limitada de 250 exemplares numerados, com dois rótulos diferentes.


Um comentário:

  1. Quase tão trabalhoso quanto a criar uma ópera-rock é escrever uma síntese sobre ela. Seus desdobramentos, referências à religiosidade, às questões metafísicas, filosóficas, políticas, ideológicas, enfim, esse sub-gênero do rock sempre suscitou extremos de amor incondicional do público (ex.: The Wall, Tommy e Jesus Christ Superstar) e de desconfiança do mercado. Some-se a isso os comentários pouco lisonjeiros da crítica especializada, não raro hostil a essa forma de arte.

    Toda ópera-rock conhecida, famosa ou não, nasceu das inquietudes & ambições de seus criadores, anos antes de serem materializadas em disco. Durante esse longo caminho -- no caso de Cichetto, mais de 30 anos! --, a(s) história(s) que lhe dará(darão) sua forma definitiva, passará por adaptações, nem sempre por vontade do autor. No entanto, alguma renúncia será exigida. Nos anos 1970 -- época de ouro desse sub-gênero -- foi assim; hoje, talvez nem isso.

    Vitória não fala inglês e, ainda que se exprimisse no idioma de Shakespeare, mesmo assim encontraria dificuldades para se fazer ouvida e vista, dada a indiferença do mundo artístico, cada vez mais refém da grande mídia, ávida de sucesso líquido, certo e lucrativo. Por outro lado, o respeitável público contenta-se com as atrações oferecidas gratuitamente pelo grande circo virtual, em troca da diluição do pensamento crítico individual e coletivo. Nossa heroína tem de vencer pela insistência e pela teimosia. Todavia, antes, porém, ela terá de encontrar o túnel, para depois encontrar alguma luz lá no seu finzinho. É o que lhe resta. É o que nos resta.

    Como é típico na obra de Barata Cichetto, a sexualidade é o motor das poesias, prosas e historietas, nas quais os perfis femininos ganham formas, por vezes vistas como depreciativas à dignidade da mulher, dados os termos chulos e pornográficos empregados. Mas há quem entenda -- e talvez esse seja o ponto de vista mais adequado -- que essas descrições sejam apenas uma alegoria à situação real da mulher, apesar dos "avanços" que o tal sexo frágil conquistou nas última décadas. Isto pode ser um fato notório ou um grande engodo.

    A filha de Adão e Eva (um marginal e uma costureira, não o primeiro casal da Bíblia) é na prática representante das milhões de Vitórias de Tal que existem pelo mundo afora. Percebe-se algo de sarcástico, jocoso em seu nome, dadas as agruras por que passa ao longo de seus curtos 33 anos e 1/3. Vitória é fruto de um estupro, curtiu e foi curtida. Ela nunca venceu.

    Nossa anti-heroina dispensa nesta análise maiores esclarecimentos sobre suas desventuras no universo inamistoso, caótico; da falsa moral pregada pela religião; da hipocrisia política. Ao ouvinte-leitor cabe a tarefa de "explorar" a sua maneira essa personagem, e dela tirar todo o proveito.

    Por fim, outro mérito de Vitória é a forma como a saga da personagem foi musicada por Amyr Cantúsio Júnior, o experiente maestro que abraçou a causa, dando-lhe o devido tratamento. Daí, conclui-se que o trabalho a quatro mãos não é mero clichê.







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